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20 de jun. de 2011

CONTEMPLAÇÃO

Quando dos horizontes a cansada
contemplação aos poucos se dilui,
penso alcançar numa remota estrada
não o que sou e nem o que já fui,

mas a visão casta, incontaminada,
da paz que abriga, que as paredes rui
do desespero, e que, maravilhada,
a cada instante do silencio flui.

Não sei que céu além do céu me acena,
nem que colina além de outra colina...
Contemplo, apenas; da contemplação,

nasce a estranha emoção que me asserena:
pressentimento de uma luz divina
que não é nem do céu e nem do chão.

Alphonsus de Guimaraens Filho
In: Só a noite é que amanhece

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